O que é Educação Respeitosa e como ela pode ajudar no crescimento e desenvolvimento das crianças?
Apesar
do conceito de Educação Respeitosa existir há quase 100 anos (ou talvez até
mais), muitas pessoas nunca ouviram falar ou tem uma imagem distorcida do que a
educação respeitosa representa.
Educar
respeitosamente significa, de fato, respeitar a criança e tratá-la com a mesma
importância e consideração eu gostaria de ser tratado/a. Dentro da educação
respeitosa existem várias ramificações, como criação consciente, criação com
apego, educação não violenta - sendo que nenhuma exclui a outra, mas todas se
complementam.
A educação
respeitosa se resume em três conceitos: conexão, comunicação e cooperação.
Estes
três elementos, interligados com compreensão, respeito e amor, criam um lar
pacífico e feliz. O primeiro desafio para alguém que nunca tenha ouvido falar
em criação respeitosa ou nunca tenha educado seus filhos nesta filosofia, é que
isso não funciona. Afinal "criança tem que obedecer" - "criança
não tem que querer" - "se deixar, criança sobe em cima da gente"
- "uma palmada nunca matou ninguém" - "meu filho só funcionava
na base da ameaça". Contudo, estas concepções são distorcidas e muitas
vezes resultam de uma herança cultural e familiar - a forma como fomos criados
se torna a forma como criamos os nossos filhos.
O
interessante é que pesquisadoras da área da psicologia e neurociência
comprovam, há anos, que a educação respeitosa é a mais compatível com o
desenvolvimento natural das crianças. E nem precisamos pesquisar tanto assim
para concordar que ninguém gosta de ser obrigado a nada, ou de apanhar, ou de
ser gritado, humilhado, chantageado ou castigado. Se coloque no lugar da sua
criança: como VOCÊ reagiria se alguém te maltratasse? A formidável Dra. Jane
Nelsen diz em seu livro "Disciplina Positiva": "De onde tiramos
a absurda ideia de que, para levar uma criança a agir melhor, precisamos antes
fazê-la se sentir pior?".
Disciplina
Positiva é um termo que vem surgindo de forma mais presente no mundo educação,
contudo há muitas dúvidas sobre o que de fato é disciplinar positivamente. Através
da cooperação entre o adulto e a criança, proporcionamos um ambiente inclusivo
e acolhedor, o adulto e a criança chegam a um denominador em comum através da
comunicação. Isto não significa que os adultos deixam as crianças escolherem
tudo sozinhas. Afinal há tarefas a serem cumpridas, limites a serem seguidos e
combinados a serem respeitados.
Este é
exatamente o papel do adulto: manter a ordem e a organização no ambiente
familiar. O adulto ainda é o condutor, mas faz isso conquistando a cooperação
das crianças.
O
resultado ideal é a criança se sentir pertencente e significativa, seja qual
for a situação.
Confira 4 ações que podem
deixar sua relação com as crianças ainda mais leve e respeitosa
1.Reconheça
seus limites
Antes de olhar para
a criança, é preciso olhar para si mesmo. Saber acolher
os próprios sentimentos é tão importante quanto acolher o seu
filho.
Mães e pais são seres humanos
e saber lidar com o sentimento de culpa e frustração, que
invariavelmente vai aparecer em algum momento, é fundamental para
criar uma relação respeitosa consigo mesmo e com o outro.
2. Acolha suas
vulnerabilidades
O sentimento
da falha é outro que é bastante experimentado por mães
e pais na missão de educar, seja por algo que não conseguiram
suprir, por algum episódio de descontrole ou após algum episódio
de mau comportamento dos filhos.
3. Esqueça
as ideias ultrapassadas
Criar um vínculo seguro
com os filhos deveria ser algo natural e sem dificuldades, mas,
infelizmente, essa construção é bastante dificultada por fatores culturais
externos como, por exemplo, a ideia bastante disseminada de que “colo
demais estraga e deixa mimado”, ou mesmo pela necessidade
de voltar ao trabalho o mais rápido possível.
4. Duvidar
de si mesmo faz parte do processo
Duvidar de si mesmo,
das próprias atitudes é comum a todos os pais e mães que
tentam fazer algo diferente, seja porque as recomendações nos cuidados com
as crianças evoluíram, seja porque não experimentaram uma relação afetuosa
na própria infância. As dificuldades em quebrar um ciclo
e criar um outro mais saudável com os próprios filhos fazem
parte do processo, principalmente se você convive com familiares que
têm opiniões divergentes e que acham que o ato de educar está
ligado à coerção e ao medo.